sexta-feira, 22 de junho de 2012

cartilha dos pais


Perfil do bom pai/mãe

  • Respeita os filhos
Aos filhos é devido o reconhecimento de uma per­sonalidade própria. Respeitar-nos-ão mais se mos­trarmos saber aceitar também o seu modo de ser no que não nos agrada.
  • Respeita-se a si próprio
Um pai que se sacrifica a si próprio e não escuta os próprios desejos habitua os filhos a não ter limi­tes e torna-os egocêntricos.
  • Dá ternura
As expressões de afecto (sorrisos, abraços, mimos) são importantes para dar aos filhos segurança so­bre os seu próprio lugar na família e no mundo.
  • Estabelece regras
As crianças, os adolescentes, têm necessidade de limites, de regras, que representam uma base de par­tida para dar sentido ao mundo que nos rodeia.
  • Constrói o diálogo
É bom comunicar com os filhos, dando atenção à própria capacidade de escutar e de enfrentar os conflitos.
  • Valoriza os filhos
Reforça a auto-estima dos filhos e dá-lhes força interior para enfrentar a vida.
  • Não é autoritário
De outro modo não se favorece a relação e provoca-se apenas o ressentimento.
  • Não é demasiado permissivo
É preciso dar aos filhos liberdade de expressão, mas dentro de limites e de regras claras.
  • Não usa de violência física ou verbal
Cada gesto violento, ainda que apenas verbalmente, apaga a possibilidade de uma verdadeira relação afectiva e cria personalidades violentas ou tímidas e incapazes de se exprimir.
  • Conduz os filhos ao crescimento
Protecção, acompanhamento e alegria em pequeninos; autonomia cada vez maior e crescente responsabilização, à medida que forem crescendo.
  • Que os pais passem mais tempo com os filhos
Os pais devem “perder” mais tempo com os filhos. A frase é muito popular e de compreensão imediata. A ideia pode ser uma resposta, em tempo real, ao vazio das nossas famílias, à dificuldade dos pais em conversar com os seus filhos, à frágil e enfraquecida socieda­de mais preocupada com a marca das sapatilhas dos seus filhos do que com a sua consciência.
Milão e a região Lombarda, mais que outras regiões, vêem-se todos os dias surpreendidas com inúmeras notícias terríveis protagonizadas por adolescentes. Notícias inexplicáveis, ou talvez explicáveis, mas apenas se o vazio no coração de todos nós for maior do que toda a história dos nossos antepassados e do que as profundas raízes que a solidariedade fundou no nosso país.
Já perdemos demasiado tempo a fazer perguntas, a procurar soluções pseudo-intelectuais mas pouco incisivas e nada concre­tas. Desde que o mundo é mundo, a educação tem postulados, poucos mas irrevogáveis, sem os quais não se poderá chamar educação. O sociologismo imperante e as ideologias políticas, ao longo de trinta anos, procuraram, em nome de uma liberdade híbrida e perniciosa, acabar precisamente com os poucos postu­lados que tornavam possível uma visão ética e menos egoísta da nossa sociedade.
As crianças, encantadoras à vista mas ainda por domar lá por dentro, ficam muito mais contentes e sorridentes quando satis­fazemos os seus caprichos do que quando tentamos convencê-las de algum “não”, dos primeiros deveres, de um mínimo de boa educação, relacionado com autodomínio e com o respeito pelos outros. Deve ter acontecido algo de muito grave no fim deste último século, para dar origem a notícias tão indescritíveis e devastadoras.
Acompanhar os filhos é cada vez mais difícil. Pressuporia pelo menos mais clareza de objectivos da parte dos pais. Por sua vez, a geração dos quarenta anos de hoje, antes de propor objectivos aos outros, deveria redescobrir e recuperar tudo o que deitou fora em nome daquela liberdade incoerente e narcisista de que falávamos acima. Têm razão quando se fala em estar mais tempo com os filhos. Mas devemos discutir a qualidade do tempo que passamos com os nossos filhos. O que é ainda mais difícil.
A história avança em virtude deste fio elástico, mais ou menos resistente, que liga o mundo dos filhos e o dos pais. Todos nós transportamos, como diz a fábula de Fedro, dois alforges que necessariamente levamos aos ombros. Segundo Fedro, no alforge da frente levamos os defeitos dos outros, no alforge de trás, os nossos. Ficaria contente se ainda fosse assim. Pelo menos teríamos qualquer coisa sobre que discutir e disputar. Receio, porém, que ambos os alforges estejam vazios. Por um motivo simples e triste: porque exige menos esforço. Gostaria de encerrar este ponto detendo-me precisamente na palavra “esforço”, desaparecida do nosso vocabulário. Desapareceu o esforço de crescer, o esforço de educar, o esforço de trabalhar, o esforço de amar, o esforço de estudar… o esforço de viver.
Explique-lhe o valor do esforço

Nenhum comentário:

Postar um comentário