Perfil do bom pai/mãe
- Respeita os filhos
Aos filhos é devido o reconhecimento de
uma personalidade própria. Respeitar-nos-ão mais se mostrarmos saber
aceitar também o seu modo de ser no que não nos agrada.
-
Respeita-se a si próprio
Um pai que se sacrifica a si próprio e
não escuta os próprios desejos habitua os filhos a não ter limites e
torna-os egocêntricos.
-
Dá ternura
As expressões de afecto (sorrisos,
abraços, mimos) são importantes para dar aos filhos segurança sobre os
seu próprio lugar na família e no mundo.
-
Estabelece regras
As crianças, os adolescentes, têm
necessidade de limites, de regras, que representam uma base de partida
para dar sentido ao mundo que nos rodeia.
-
Constrói o diálogo
É bom comunicar com os filhos, dando atenção à própria capacidade de escutar e de enfrentar os conflitos.
-
Valoriza os filhos
Reforça a auto-estima dos filhos e dá-lhes força interior para enfrentar a vida.
-
Não é autoritário
De outro modo não se favorece a relação e provoca-se apenas o ressentimento.
-
Não é demasiado permissivo
É preciso dar aos filhos liberdade de expressão, mas dentro de limites e de regras claras.
-
Não usa de violência física ou verbal
Cada gesto violento, ainda que apenas
verbalmente, apaga a possibilidade de uma verdadeira relação afectiva e
cria personalidades violentas ou tímidas e incapazes de se exprimir.
-
Conduz os filhos ao crescimento
Protecção, acompanhamento e alegria em
pequeninos; autonomia cada vez maior e crescente responsabilização, à
medida que forem crescendo.
-
Que os pais passem mais tempo com os filhos
Os pais devem “perder” mais tempo com os
filhos. A frase é muito popular e de compreensão imediata. A ideia pode
ser uma resposta, em tempo real, ao vazio das nossas famílias, à
dificuldade dos pais em conversar com os seus filhos, à frágil e
enfraquecida sociedade mais preocupada com a marca das sapatilhas dos
seus filhos do que com a sua consciência.
Milão e a região Lombarda, mais que
outras regiões, vêem-se todos os dias surpreendidas com inúmeras
notícias terríveis protagonizadas por adolescentes. Notícias
inexplicáveis, ou talvez explicáveis, mas apenas se o vazio no coração
de todos nós for maior do que toda a história dos nossos antepassados e
do que as profundas raízes que a solidariedade fundou no nosso país.
Já perdemos demasiado tempo a fazer
perguntas, a procurar soluções pseudo-intelectuais mas pouco incisivas e
nada concretas. Desde que o mundo é mundo, a educação tem postulados,
poucos mas irrevogáveis, sem os quais não se poderá chamar educação. O
sociologismo imperante e as ideologias políticas, ao longo de trinta
anos, procuraram, em nome de uma liberdade híbrida e perniciosa, acabar
precisamente com os poucos postulados que tornavam possível uma visão
ética e menos egoísta da nossa sociedade.
As crianças, encantadoras à vista mas
ainda por domar lá por dentro, ficam muito mais contentes e sorridentes
quando satisfazemos os seus caprichos do que quando tentamos
convencê-las de algum “não”, dos primeiros deveres, de um mínimo de boa
educação, relacionado com autodomínio e com o respeito pelos outros.
Deve ter acontecido algo de muito grave no fim deste último século, para
dar origem a notícias tão indescritíveis e devastadoras.
Acompanhar os filhos é cada vez mais
difícil. Pressuporia pelo menos mais clareza de objectivos da parte dos
pais. Por sua vez, a geração dos quarenta anos de hoje, antes de propor
objectivos aos outros, deveria redescobrir e recuperar tudo o que deitou
fora em nome daquela liberdade incoerente e narcisista de que falávamos
acima. Têm razão quando se fala em estar mais tempo com os filhos. Mas
devemos discutir a qualidade do tempo que passamos com os nossos filhos.
O que é ainda mais difícil.
A história avança em virtude deste fio
elástico, mais ou menos resistente, que liga o mundo dos filhos e o dos
pais. Todos nós transportamos, como diz a fábula de Fedro, dois alforges
que necessariamente levamos aos ombros. Segundo Fedro, no alforge da
frente levamos os defeitos dos outros, no alforge de trás, os nossos.
Ficaria contente se ainda fosse assim. Pelo menos teríamos qualquer
coisa sobre que discutir e disputar. Receio, porém, que ambos os
alforges estejam vazios. Por um motivo simples e triste: porque exige
menos esforço. Gostaria de encerrar este ponto detendo-me precisamente
na palavra “esforço”, desaparecida do nosso vocabulário. Desapareceu o
esforço de crescer, o esforço de educar, o esforço de trabalhar, o
esforço de amar, o esforço de estudar… o esforço de viver.
Explique-lhe o valor do esforço
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