quarta-feira, 17 de outubro de 2012

contando historia em cordel


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CHAPEUZINHO VERMELHO
Conto de domínio público (originário do
conto de Charles Perrault, recontado por Rosa Regis)

Há muito e muito tempo
Havia uma menininha
Meiga, carinhosa e doce,
Que morava com a mãezinha
Numa casinha distante
Da casa da vovozinha.

Sempre que a sua mamãe,
O que amiúde ocorria,
Fazia doces gostosos,
A menininha pedia:
- Me dá a colher, mamãe!
Gulosamente, lambia.

E pedindo a sua mãe:
- Mamãe, deixe-me levar
Uns bolinhos pra vovó
Antes mesmo de esfriar.
Eles estão tão gostosos!
Sei que ela iria adorar.

A mamãe, pensando um pouco,
Disse:- Filha, não dá certo!
Sua vovó mora longe...
Eu soube que aqui por perto
Andava um lobo faminto,
Perigoso... Muito esperto!

Poderá mesmo atacá-la
Pois a estrada é deserta
E a casa da sua avó
É logo após a floresta
Onde o mesmo poderá
Bem esconder-se, na certa.

Mas a menina lhe disse:
- Mamãezinha, eu sou esperta!
Já estou com sete anos!
Já sou grande. E fico alerta!
Qualquer que seja o ruído,
Corro e grito! Esteja certa.

A mãe cedeu e, então,
Na cabeça lhe botou
Uma capinha vermelha
Que a sua avó tricotou
Cujo nome: “Chapeuzinho
Vermelho” a vovó bordou.

Chapeuzinho sai pulando
E cantando alegremente.
Lá se vai pela floresta
Sem nada lhe vir à mente
A não ser o fato de
Estar feliz e contente.

De repente ouve uma voz
Que lhe chama bem baixinho...
É o lobo, fingindo ser
Um animal manso e bonzinho...
Que apenas quer conhecer
A menina “Chapeuzinho”.

Pergunta aonde ela vai
E ela, inocentemente,
Diz: - Vou visitar vovó
Que mora ali mais na frente,
Numa casinha amarela.
Sem malícia, alegremente.

E o lobão, satisfeito
Com a informação que colheu,
Da inocente menininha
Se despediu e correu
Para a casa da avozinha
A quem, de pronto, comeu.

Foi chegando e foi batendo
Na portinha da vovó
Dizendo: - Eu sou Chapeuzinho!
Venha aqui vovó, vê só
Os bolinhos que eu lhe trouxe
E o meu cãozinho Totó!

Então, a vovó abrindo
A porta, já se espantou!
Quis correr, porém o lobo
Tão logo a viu a agarrou
E a engoliu, inteirinha.
Nem sequer a mastigou.

E aí, falso que era,
Pôs a roupa da vovó,
Seus óculos e sua touca,
Na cama, escutem-me só,
Deitou-se e depois cobriu-se
Dos pés até o gogó.

É quando chega a menina,
Cantando, toda faceira,
Trazendo um feixe de flores
Feito à sua maneira,
Para a vovó, sem saber
Que fizera grande asneira.

Pois que, inocentemente,
Fornecera ao inimigo,
O endereço da avozinha
Sem perceber o perigo
Que uma e outra corriam.
Parecia até castigo.

Castigo por não seguir
Os conselhos que a mãe deu
Quando ela, Chapeuzinho,
Daquele estranho acolheu
Informações mentirosas
Que o mesmo lhe forneceu.

Mas, sem de nada saber,
Bate na porta contente
Chamando pela vovó
Empunhando, alegremente,
As belas flores colhidas
E o bolo ainda quente.

O lobo que já tomara,
Na cama, da avó, o lugar,
Diz assim: Entre netinha!
Não posso me levantar.
Estou fraca, doentinha,
Quase não posso falar.

E Chapeuzinho, inocente
Que era, entrou sem temor.
Mas ao vê-la estranha um pouco:
- Vovó... Oh!... Mas que horror!
A Senhora está mudada
Em tudo! Até na cor.

Seu corpo está diferente.
Sua cabeça também.
Pés e mãos, unhas e dedos.
Parece mais sabe quem?
Um lobisomem, vozinha!
Mesmo assim te quero bem.

- Pra que esses olhos tão grandes?
Perguntou-lhe Chapeuzinho.
- São para te ver melhor!
Disse o lobo, sem carinho.
- E esse narigão Enorme?!
Nariz não! Isso é focinho!

- É Para sentir o cheiro
Da comida deliciosa
Que está na minha frente.
Diz o lobo todo prosa.
E Chapeuzinho se afasta
Já um pouco receosa.

- E essas mãozonas grandes
E peludas, pra que são?
Inquiriu-lhe a menininha
A pulsar-lhe o coração.
O lobo respondeu cínico:
- Elas te segurarão.

- E essa enorme bocarra
Com dentes de arrepiar?
Disse-lhe o lobo: - É com ela
Que eu vou te abocanhar,
Te mastigar, te engolir,
Pra minha fome matar.

Dizendo isto, o lobão
Saltou da cama e atacou
A menina, que correu
O mais que pode e parou
Tão somente quando um homem
Seu caminho atravessou

Era um caçador que vinha,
Há dias, a procurar,
Em caçada, aquele lobo
E, ao vê-lo se aproximar,
Livra a menina e atira
Para o bicho derrubar.

E o lobão, que pensava
Que naquela fantasia
De “Vovó do Chapeuzinho”
A todos enganaria,
Ao caçador não engana.
E este acerta a pontaria.

Mas, pra sorte do malvado,
O caçador atirou
Apenas pra derrubá-lo.
E o seu intento alcançou.
O lobo caiu gemendo
E, blasfemando, ele uivou.

E do enorme barrigão
Do lobão, o caçador
Ouve uma voz suplicante:
Socorram-me, por favor!
É a voz da vovozinha
Que está cheia de pavor.

Aí chega Chapeuzinho,
Que já parou de correr
Com medo do lobo, mas
Com o corpo ainda a tremer,
Implorando ao caçador
Pra sua avó socorrer.

O caçador que, coitado!
Não quer ao lobo matar,
Procurou no povoado
Quem o pudesse ajudar,
Surgiu um veterinário
Disposto a cooperar.

E munido de um bisturi
Faz uma boa incisão,
D’onde tira a vovozinha,
Na barriga do Lobão,
Fechando-o logo em seguida
Como um bom cirurgião.

Assim, salva a vovozinha
Sem, também, sacrificar
O “Lobo Mau”, que era apenas
Um animal a caçar
E voltará à floresta
Quando a barriga sarar.

Afinal, passado o susto,
Chapeuzinho então lembrou
Para que viera ali
E para a vovó mostrou
A cestinha com os bolinhos
Que, a esta altura, esfriou.

A vovó, agradecida,
Ao caçador convidou
Para, juntos, os três comerem
Bolinhos. E ele topou.
E com suco de laranja,
Comem. E a estória acabou.

Acabou com tudo bem!
Que é como deve acabar
Uma estória pras crianças
Que estão a se formar.
Outras estórias virão,
Refeitas ou criação,
Com o intuito de educar.

Recriei para as crianças,
Ou melhor, cordelizei,
Só transformando um pouquinho
A bela estória. E busquei
Regar com um pouco de humor
Este cordel que formei
Gerado do original.
Imagino que “legal”
Saiu. Só sei que eu gostei.

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