Desafios da Internet para os professores - Moran
Como sempre os textos do Moran são maravilhosos!
Minha postagem de hoje é sobre "Desafios da Internet para os professores".
Minha postagem de hoje é sobre "Desafios da Internet para os professores".
Confira abaixo, com os meus grifos:
Com a chegada da Internet nos defrontamos com novas possibilidades, desafios e incertezas o processo de ensino-aprendizagem.
Não podemos esperar das redes eletrônicas a solução mágica para modificar profundamente a relação pedagógica, mas vão facilitar como nunca antes a pesquisa individual e grupal, o intercâmbio de professores com professores, de alunos com alunos, de professores com alunos.
Não podemos esperar das redes eletrônicas a solução mágica para modificar profundamente a relação pedagógica, mas vão facilitar como nunca antes a pesquisa individual e grupal, o intercâmbio de professores com professores, de alunos com alunos, de professores com alunos.
A Internet propicia a troca de experiências, de dúvidas, de materiais, as trocas pessoais, tanto de quem está perto como longe geograficamente.
A
Internet pode ajudar o professor a preparar melhor a sua aula, a
ampliar as formas de lecionar, a modificar o processo de avaliação e de
comunicação com o aluno e com os seus colegas.
O
professor vai ampliar a forma de preparar a sua aula. Pode ter acesso
aos últimos artigos publicados, às notícias mais recentes sobre o tema
que vai tratar, pode pedir ajuda a outros colegas - conhecidos e
desconhecidos - sobre a melhor maneira de trabalhar aquele assunto com
os seus estudantes. Pode ver que materiais -programas, vídeos,
exercícios existem. Já é possível copiar imagens, sons, trechos de
vídeos. Em pouco tempo o acesso a materiais audiovisuais será muito mais
fácil. Tem tanto material disponível, que imediatamente vai aparecer se
o professor está atualizado, se preparou realmente a aula (porque os alunos também têm acesso às mesmas informações, bancos de dados, etc).
O
grande avanço neste campo da preparação de aula está na possibilidade
de consulta a colegas conhecidos e desconhecidos, a especialistas, de
perguntar e obter respostas sobre dúvidas, métodos, materiais,
estratégias de ensino-aprendizagem. O papel do professor não é o de
somente coletar a informação, mas de trabalhá-la, de escolhê-la,
confrontando visões, metodologias e resultados.
O
professor pode iniciar um assunto em sala de aula sensibilizando,
criando impacto, chamando a atenção para novos dados, novos
desafios.Depois, convida os alunos a fazerem suas próprias pesquisas,
-individualmente e em grupo- e que procurem chegar a suas próprias
sínteses. Enquanto os alunos fazem pesquisa, o professor pode ser
localizado eletronicamente, para consultas, dúvidas. O professor se transforma num assessor próximo do aluno, mesmo quando não está fisicamente presente.
Não interessa se o professor está na escola, em casa, ou viajando. O
importante é que ele pode conectar-se com os outros e pode ser
localizado, se quiser, em qualquer lugar e em qualquer momento. A aula
se converte num espaço real de interação, de troca de resultados, de
comparação de fontes, de enriquecimento de perspectivas, de discussão
das contradições, de adaptação dos dados à realidade dos alunos. O professor não é o "informador", mas o coordenador do processo de ensino-aprendizagem. Estimula, acompanha a pesquisa, debate os resultados.
Os
alunos podem fazer suas pesquisas antes da aula, preparar apresentações
-individualmente e em grupo. Podem consultar colegas conhecidos ou
desconhecidos, da mesma ou de outras escolas, da mesma cidade, país ou
de outro país. Aumentará incrivelmente a interação com outros colegas,
pesquisando os mesmos assuntos, trocando resultados, materiais, jornais,
vídeos.
A
motivação para a prática de línguas estrangeiras e para o
aperfeiçoamento da própria se torna muito mais perceptível, porque
existe real necessidade de escrever e, nos próximos anos, também de
falar na mesma e em outras línguas.
Os
programas de tradução nos facilitarão a comunicação com outros países,
mas quem domina a língua levará muita vantagem neste intercâmbio.
A Internet será ótima para professores inquietos, atentos a novidades, que desejam atualizar-se, comunicar-se mais.
Mas ela será um tormento para o professor que se acostumou a dar aula
sempre da mesma forma, que fala o tempo todo na aula, que impõe um único
tipo de avaliação. Esse professor provavelmente achará a Internet muito
complicada - há demasiada informação
disponível - ou, talvez pior, irá procurar roteiros de aula prontos -e
já existem muitos - e os copiará literalmente, para aplicá-los
mecanicamente na sala de aula.
Esse
tipo de professor continuará limitado antes e depois da Internet, só
que a sua defasagem se tornará mais perceptível. Quanto mais informação temos disponível, mais complicamos o processo de ensino-aprendizagem.
Quando
podíamos escolher um único livro de texto e segui-lo capítulo a
capítulo, estava claro o caminho do começo até o fim, tanto para o
professor, como para o aluno, para a administração e para a família.
Agora podemos enriquecer extraordinariamente o processo, mas, ao mesmo tempo, o complicamos. Ensinar
é orientar, estimular, relacionar, mais que informar. Mas só orienta
aquele que conhece, que tem uma boa base teórica e que sabe
comunicar-se. O professor vai ter que atualizar-se sem parar, vai precisar abrir-se para as informações que o aluno vai trazer, aprender com o aluno, interagir com ele.
A
Internet não é mágica, mas as experiências que venho acompanhando na
Universidade de São Paulo e o contato com professores e alunos que
utilizam as redes eletrônicas no Brasil e em outros países me mostram
possibilidades fascinantes de tornar o ensino e a aprendizagem processos
abertos, flexíveis, inovadores, contínuos, que exigem uma excelente
formação teórica e comunicacional, para navegar entre tantas e tão
desencontradas idéias, visões, teorias, caminhos.
Os alunos estão prontos para a Internet. Quando podem acessá-la, vão longe. O
professor vai percebendo que, aos poucos, a Internet está passando de
uma palavra da moda a realidade em alguns colégios e nas suas famílias.
Nestes próximos anos viveremos a interligação da Internet, com o cabo,
com a televisão. Imagem, som, texto e dados se integrarão em um vasto
conjunto de possibilidades. Ver-se e ouvir-se à distância se tornará
corriqueiro. Pedir a um colega que dê aula comigo, mesmo que esteja em
outra cidade ou país, ao vivo, será plenamente viável. As possibilidades da Internet no ensino estão apenas começando.
José Manuel Moran
Especialista em inovações na educação presencial e a distância
Fonte: http://www.eca.usp.br/prof/moran/desaf_int.htm, visitado em 10/05/2011